Alimentação correta na terceira idade
O aumento da população idosa, as suas características e seus problemas de saúde determinam a necessidade de se buscar compreender os fatores que afetam o hábito alimentar desse grupo etário. Entre os fatores que podem condicionar a qualidade de vida e a longevidade do ser humano, a alimentação é um dos principais. Várias mudanças anatômicas e funcionais decorrentes do processo de envelhecimento, bem como as grandes doenças associadas à velhice, podem ser atenuadas com uma alimentação adequada nos seus aspectos dietéticos e nutritivos.
Nesse contexto, está cada vez mais claro que é preciso compreender as mudanças que ocorrem no envelhecimento e os demais fatores que afetam o consumo alimentar do indivíduo idoso, para auxiliar na sua alimentação. E, dessa forma, compensar essas mudanças que são naturais, com o avanço da idade, mas que interferem no apetite e na mudança de hábito alimentar do idoso
Fatores que afetam o consumo de alimentos no idosoOs fatores que condicionam o hábito alimentar na terceira idade são: as alterações fisiológicas próprias do envelhecimento, as doenças presentes, a situação social, econômica e familiar em que vive o idoso.A) As Alterações Fisiológicas próprias do envelhecimento que interferem diretamente com o consumo alimentar do idoso estão no quadro a seguir.
B) A Presença de doenças e o hábito alimentar. Geralmente, a presença de doenças reduz o apetite e aumenta as necessidades alimentares. E no idoso é comum a coexistência de várias doenças. A evolução das doenças nas pessoas com 60 anos ou mais reduz progressivamente as reservas orgânicas, levando o organismo à deteriorização (perda) gradual de sua capacidade funcional, com a consequente diminuição e perda de autonomia. Essa maior suscetibilidade às doenças também leva o idoso a ser vítima do uso de múltiplos medicamentos, os quais influenciam a ingestão de alimentos, a digestão, a absorção e a utilização de diversos nutrientes, o que pode comprometer o estado de saúde e o requerimento alimentar. Os efeitos secundários que alguns medicamentos de uso habitual em geriatria produzem devem ser considerados nesta análise; os mais frequentes são:
Como foi evidenciado, frequentemente os medicamentos geram problemas digestivos e alguns inclusive levam à falta de apetite. C) Influência da situação social, econômica e familiar do idoso no consumo de alimentos Os hábitos alimentares nessa fase da vida estão muito condicionados aos chamados fatores psicossociais: disponibilidade de alimentos, integração social, capacidade de deslocamento, capacidade cognitiva e independência econômica. Grande parte dos idosos acaba consumindo alimentos de menor custo, em função dos insuficientes recursos econômicos provenientes de aposentadorias e/ou pensões, o que também favorece a monotonia alimentar (alimentação pouco variada). Em geral, a renda mensal “per capita” dos idosos é inferior à dos adultos jovens. A integração social é outro fator que tem papel relevante na alteração do consumo alimentar do idoso. A solidão familiar e social predispõe o idoso à falta de ilusão e preocupação consigo, fazendo com que se alimente mal e pouco. Nesses casos, há uma tendência ao desestímulo para preparar alimentos variados e nutritivos. Verifica-se com frequência elevado consumo de produtos industrializados, como doces e massas, ou de fácil preparo, como chás e torradas. Essa modificação no comportamento alimentar certamente afeta a adequação de nutrientes ao organismo e o coloca em risco de má-nutrição. O estado de ânimo do idoso para ingerir o alimento é, muitas vezes, modificado por atitudes simples, como sentar o idoso confortavelmente à mesa em companhia de outras pessoas. A má nutrição do idoso pode também ser decorrente de sua progressiva incapacidade para realizar sozinho as atividades cotidianas. Nessas circunstâncias, a aquisição de alimentos como ir ao supermercado e a preparação das refeições podem se tornar uma tarefa muito difícil. Tal situação faz com que o idoso dê preferência aos alimentos menos nutritivos, de fácil preparo, evitando os que possam causar dificuldades de manipulação durante as refeições. Em geral, verifica-se o excesso no consumo de produtos de panificação (pão, biscoitos, roscas, bolos), massas e doces. Deve-se também estar atento a outros fatores como: perda do cônjuge e depressão, pois, ambos levam à perda do apetite ou à recusa do alimento. Por outro lado, a ansiedade pode desencadear o aumento excessivo de peso (obesidade). |
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Estratégia Alimentar para Promover a Saúde do Idoso
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Considerações FinaisOs efeitos da alimentação inadequada, tanto por excesso como por déficit de nutrientes, têm grande incidência na população idosa. Para a correta avaliação da alimentação é fundamental uma história alimentar detalhada. As estratégias alimentares evidenciadas neste capítulo são úteis para auxiliar na promoção da saúde do idoso, mas é essencial que o planejamento alimentar tanto no âmbito institucional (asilos, casa de terceira idade) ou familiar seja efetuado por um profissional habilitado, como o nutricionista, pois as necessidades nutricionais das pessoas idosas são essencialmente individuais, em razão das diferenças na progressão do envelhecimento e da intercorrência de enfermidades (doenças). Este planejamento depende do estado geral de saúde, dos níveis de atividade física, das alterações na capacidade de mastigação, digestão e absorção dos nutrientes e da eficiência no metabolismo, das alterações no sistema endócrino e no estado emocional. Além das condições financeiras em que está submetido o idoso. |
Fonte: http://www.idosoamado.com/artigo4.htm
Por Maria Teresa Fialho de Sousa Campos
Departamento de Nutrição e Saúde da Universidade Federal de Viçosa *